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The Handmaid´s Tale: Sexualidade e Fascismo

28/6/2020

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Você já deve ter ouvido falar da série norte-americana produzida pelo canal streaming Hulu e baseada no livro Margareth Atwood, The Handmaid´s Tales. A série foi ganhadora de 11 importantes prêmios Emmy incluindo o de melhor série em 2017, além de 2 Globos de Ouro. A série caminha para sua quarta temporada e tem previsão de lançamento para setembro de 2020. Em “O conto da Aia” (The handmaid´s tales), assim como em boa parte das histórias de ficção, há uma certa distopia. Essa série vem com uma pegada ficcional que nos lembra do contexto político atual e faz temer por tanta identificação devido ao retrocesso em que vivemos. Sem querer dar “spoiler”, mas já dando, o enredo se desenrola em um futuro próximo, no território norte-americano, onde as taxas de natalidade caem bruscamente e há uma “epidemia” de infertilidade.

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O mundo está um caos, muitas guerras, “terrorismo”, poluição, mudanças climáticas e um grupo fanático religioso atribui esse fenômeno a um castigo divino. Esse grupo acredita que com certas mudanças na sociedade poderiam reverter a situação, porém o problema está em como eles resolvem implantar esse sistema. Esse novo regime é baseado na interpretação de um certo grupo da bíblia hierarquizado e altamente militarizado onde formam as castas sociais em que há uma subjugação das mulheres em relação aos homens. 

“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.” Simone de Beauvoir


Nessa nova sociedade (ditadura) chamada Gileade todos que não obedecem ao regime são punidos com a morte, inclusive gays por serem considerados traidores do gênero. As mulheres são proibidas de ler, trabalhar, ter propriedades e etc. Passam a estar reduzidas aos espaços que se entendem como domésticos e como se não bastasse as mulheres que ainda são férteis viram propriedade do Estado perdem seus nomes e são obrigadas a procriar. São destinadas às famílias dos comandantes, onde assumem a função de Aia e são estupradas sob a justificativa de manutenção da vida. Assim que o bebê nasce, a Aia passa ser propriedade de outra família aonde são mantidas como reféns através do medo da punição severa ou morte. Posso dizer que este universo toca particularmente as mulheres. 
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​A mulher no universo da escritora é confinada a casa de forma extrema, com as funções de gerir o lar e procriar. Quantas mulheres hoje ainda são exclusivamente responsáveis pelo lar e pelos filhos? Em alguns casos o marido “ajuda” a esposa, ainda que ambos trabalhem fora. A mulher precisa pedir para que o marido execute alguma função dentro do lar e mesmo que ele o faça, ela tem que identificar necessidade e delegar a tarefa (administração do lar). Quantas vezes você já ouviu “Cadê a mãe dessa criança?”, “Que mulher relaxada!”, “Fulano é um ótimo pai, até busca as crianças na escola”? Os exemplos são infinitos. 

​Existem cenas na série que dialogam com pautas bem presentes do feminismo hoje, como a cultura do estupro e como são naturalizados certos comportamentos. Em uma das cenas fortes da série, uma das mulheres está sentada no meio de um círculo contando como foi abusada. Nitidamente ela está em sofrimento e é obrigada a ouvir e dizer que aquilo aconteceu porque ela mesma era a culpada. Quantos casos de abusos contra mulheres há relativização da culpa, onde a vítima é considerada provocadora da situação?

ImagemFoto: Renee Nault
Que a série é dramática devido as semelhanças com a política atual já deu para perceber e assim como a onda retrógrada que vivemos hoje no Brasil e no mundo, nos faz pensar bastante sobre esse futuro não tão distópico assim. The Handmaid’s Tales tem muitos aspectos a serem explorados, mas particularmente me chamou atenção uma fala da protagonista em que ela diz que estava adormecida quando tudo começou, pois não perceberam quando começaram a perder os direitos. Foram tomadas medidas que serviriam para “proteção” do Estado contra o terrorismo e a favor da família, mas que na verdade foi o golpe fatal contra o estado de direitos.
Vivemos em um cenário político nada amistoso e menos ainda promissor. Há um aumento constante do desemprego, violência e miséria. Sentimo-nos impotentes diante do cenário opressor que se constrói ao longo dos séculos, mas que também não é surpreendente a ninguém já que a história é cíclica. Reich afirma que é dentro do contexto de repressão sexual que se faz o controle social e é a partir dele que são mantidas as bases da sociedade patriarcal como são, à medida que encouraça os sujeitos e distorce os impulsos. Não é raro ouvir discursos de ódio sendo difundidos, há muita insatisfação. E nesse contexto, que aos poucos vamos perdendo aqui e ali direitos que custaram anos de luta, forma-se um cenário bem propício ao surgimento de um novo salvador que venha redimir todos os males cometidos. Entra em cena o representante partidário como salvador. Assim como a protagonista no início se questiona sobre o adormecimento, nós também podemos questionar o nosso. Por que não nos rebelamos? Reich em psicologia de massas do fascismo faz uma pergunta parecida para entender a razão das pessoas permanecerem em um estado contra aos próprios interesses.

Reich demonstra como as teorias socioeconômicas por si só não obtiveram sucesso em explicar a adesão das massas ao que ele denomina fascismo, mesmo que essa mesma massa seja a prejudicada e explorada. Ele demonstra que a consciência econômica não se traduz em consciência política automática, dessa forma buscou caminhos que logravam explicações razoáveis para desvendar o porquê a grande massa não se rebela quando é explorada. Ele foi além da clínica individual e foi enfático ao dizer que: "O fascismo só pode ser vencido se for enfrentado de modo objetivo e prático, com um conhecimento bem fundamentado dos problemas da vida." A partir daí ele desenvolve o tema baseado na busca do entendimento de qual processo leva a inibição da consciência e como isso colabora com o surgimento de ideias irracionais. É neste ponto que relaciona a sexualidade com o fenômeno do fascismo, parte da ideia de função social da repressão sexual como produtor de submissão e que, portanto, mantenedores das bases repressoras da sociedade. 

Diante dessa desilusão das massas que não conseguem se rebelar, ocorre um processo de externalização do próprio salvamento, um certo tipo de defesa onde se espera que o outro promova a sua libertação. A partir desse pensamento místico não é difícil que apareçam discursos tendenciosos que prometem resolver aquilo de que se padece. 

"A inibição moral da sexualidade natural na infância, cuja última etapa é o grave dano da sexualidade genital, torna a criança medrosa, tímida, submissa, obediente, "boa", e "dócil", no sentido autoritário das palavras. Ela tem um efeito de paralisação sobre as forças de rebelião do homem, porque qualquer impulso vital é associado ao medo; e como sexo é um assunto proibido, há uma paralisação geral do pensamento e do espírito crítico. Em resumo, o objetivo da moralidade é a criação do indivíduo submisso que se adapta à ordem autoritária, apesar do sofrimento e da humilhação." Wilhelm Reich

Ele afirma que a repressão sexual não surge como uma relação a priori de desenvolvimento cultural e sim a serviço de uma minoria por meio das instituições repressoras como a família de bases patriarcais autoritárias, religião, escola e etc. Ao contrário do que Freud acreditava, Reich criticava a dicotomia entre natureza x cultura e afirma que os instintos primitivos não são antissociais, visto que o cerne biológico (camada mais profunda onde partem os impulsos naturais) possui uma sociabilidade natural, isto é, autorreguladora. Assim se as pessoas se tornam de alguma forma “ruins” é devido a cronificação das couraças. 

O seriado é para quem tem estômago, mas vale cada episódio e claramente podemos observar como em todo o enredo se desenrola através da repressão sexual, principalmente das mulheres e meninas. Na última temporada nos dá spoiler também da vida, pois é através da união das mulheres que se promove a revolução. É por isso que na Clínica Reichiana nós pensamos a sexualidade de forma política e Reich já dizia: - Uma liberação sexual feminina é capaz de transformar as relações de poder. 


Dominique Marques
Psicóloga e Terapeuta Reichiana na EFEN​ 



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