Enquanto isso, a libertária não tem orgasmo; o militante de esquerda é fascista; e o dono da verdade mente. As máscaras que vemos nos outros também estão coladas à nossa face, sem que notemos. Na prática, a teoria é outra, e quando vemos, estamos fazendo aquilo de novo. Não somos aquilo que pensamos. Muito menos o que parecemos.
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Mas para Reich, criar uma prática clínica era pouco. Ele queria transformar a coisa toda, sambar na cara do rei. Para isso, é preciso observar os movimentos do corpo, que nunca enganam. Trata-se de um contato mais profundo consigo mesmo e com os outros, que atravessa as fronteiras do que “eu penso que sou”. Por isso Reich criou uma ciência que só se aprende com amor. Por trás da máscara, está a nudez humana, os traumas e feridas que tentamos esconder. Nossa vulnerabilidade. Ao invés de denunciar essas marcas, olhar para elas com afeto e falar disso sem medo.
Vamos discutir formas de analisar estas máscaras, que são os nossos mecanismos de defesa. E a sambar de salto alto nesse baile de máscaras que é a vida. Tentando aprender sempre com nosso próprios erros. Erro como o meu, que tentei fazer um texto objetivo para divulgar o curso, mas cabei falando de baile, bobo da corte, carnaval e rei. É que por trás das máscaras, no meio da miséria humana, também se esconde a poesia.
Alice Paiva Souto
Terapeuta reichiana, mestre em psicologia, poeta e foliã
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