Encontro com Reich
O doutor em filosofia norueguês Ola Raknes pertenceu ao grupo que em 1934 acolheu Reich na Associação de Psicanalítica de Oslo, na Noruega, em virtude de sua expulsão da Sociedade Psicanalítica Alemã e da perseguição política sofrida por ele na Alemanha, Áustria e outros países. Desta forma Reich teve condições de desenvolver seu trabalho em Orgonomia e estabelecer na Noruega os primórdios da Vegetoterapia, por meio de conferências e formação dada por ele durante os anos em que esteve em Oslo. |
O ponto de vista natural na experiência religiosa
Em 1917 Raknes se tornou lecturer em linguagem e literatura norueguesa na universidade da Sorbonne em Paris e dirigiu grupos de pesquisa e supervisões de pós-graduação. Durante seu período na Sorbonne, procurou inicialmente estabelecer uma relação entre a literatura francesa e norueguesa na Idade Média. |
Neste caminho, entrou em contato com a obra de William James "As variedades da experiência religiosa", um dos livros que mais o marcou. Raknes sempre buscou compreender de que forma os pensamentos sobre o inferno e o medo do inferno se constituiam nas pessoas e para sua surpresa, na obra de James, a experiência religiosa não era vista sob os auspícios da salvação ou do inferno, mas era tratada como um fenômeno natural. Raknes entendeu que era possível analisar as religiões sobre outra perspectiva, para além dos dogmas, e assumiu como tarefa compreender o que havia de verdade e valioso nas religiões e por outro lado, o que era hostil à vida. A partir daí, Raknes se aprofundou em diferentes filosofias religiosas e sistemas de referência epistemológicos, nos campos da etnologia, psicologia, sociologia, psiquiatria e biologia, que forneceram um amplo terreno sobre o entendimento da vida em todas as suas aparências. Raknes não acreditava que o homem apenas pudesse se manter em um caminho correto, se recebesse uma promessa de recompensa em vida ou após a vida. Sua afirmativa era a de que "é natural para o homem amar e ser bom, e sendo características fundamentais do homem, não necessita nenhum outro pagamento para que tenha a oportunidade de funcionar livremente" e estava convicto, apesar de não poder prová-lo, de que "a fonte de toda verdadeira religião era uma experiência interior da vida, do crescimento e do contato com algo para além de um estreito self. É uma experiência que pode ser localizada de uma pequena forma, desde a cura de uma ferida, até uma ampla forma como uma sensação de comunhão com todo o universo." Raknes chamou a princípio esta experiência de "aumento de consciência".