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Tempos difíceis: COVID-19 e desigualdades

25/3/2020

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Um frio na barriga, a barriga contraída, as mãos frias, a nuca dura, o peito apertado. Essa é minha realidade nesse momento que escrevo. Há uma semana era diferente. Depois de um dia longo do trabalho que amo, chegava na minha bonita casa e encontrava meu carinhoso marido que me esperava com uma comida deliciosa.

-“Tudo está no lugar, tudo está tranquilo”, pensei.

​E agora, sinto isso tudo. Há pouco tempo abri meu consultório, cada dia enfeitando-o mais, as plantas crescendo,
os pacientes chegando, finalmente começando a experimentar uma sensação de estabilidade e conforto. E hoje, 03h40 da manhã, estou as voltas pensando como serão esses atendimentos online, e não no meu sofá confortável e aconchegante em que recebia meus pacientes. Todos aqueles ensinamentos do desapego, onde foram parar? Toda a sabedoria para tempos difíceis sumiu.

​Quando começo a sentir o chão firme, as coisas estremecem. Pais na faixa dos sessenta anos, ambos com doenças crônicas, tudo pairando na cabeça... Medo. Penso em outros autônomos como eu, mas que, num país abissalmente desigual, vivem precariamente. Mesmo que fique endividada, ainda assim terei um teto. E os que não tem?

Tristeza. Imagino a dor da guerra, penso profundamente sobre os que perdem tudo em enchentes, que perdem seus parentes violentamente, tanta dor nesse mundo. Nada do que estou vivendo se aproxima da dor de tantas e tantas 
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outras pessoas e dói saber que sofrem. Tanto mal injustificado, injustiça, dor e miséria. O que fazer? Aonde me abrigar? Um calmante, uma dose de alguma bebida?

Mas não quero fugir. Fico cara a cara com esses sentimentos e os observo. Vejo minha mesquinharia, meu egoísmo, minha mimadice, minha fraqueza e observo esses sentimentos.

O momento não é bom, mas experimento ver algo que, fora da terapia, quase nunca fico tão profundamente cara a cara: comigo mesma. Deixo esses sentimentos fluírem. O que posso fazer? A quem posso ajudar? De repente, o que era só escuridão começa a iluminar. Vejo além de mim mesma, além do meu umbigo, além da minha dor e passo a ver o outro. Meus companheiros nesse mesmo momento histórico, juntos, uns mais vulneráveis, outros menos, seja por questões materiais, seja por estrutura para lidar com tempos difíceis, todos juntos. O que posso fazer para amenizar o sofrimento de outros? Consegui ver algo além do meu desespero, o outro. Um alívio. 
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-"Tá. Mas, e aí?"
 
Temos que fluir. Temos que fluir e nos adaptarmos. Mas como fluir sabendo que falta tanto ao meu semelhante? Se sei de tantos presos às opressões? Reich, em relação ao indivíduo e o meio social, pensa radicalmente dialético: não há supremacia de um sobre o outro, ambos se relacionam, um afeta o outro, como vasos comunicantes.

Ao pensar sobre minhas questões, encontro com o mundo. Ao mergulhar nos meus sentimentos encontro genuinamente os sentimentos dos outros. Ao olhar para meu medo mesquinho, individualista, consegui 
dimensionar os sentimentos das outras
pessoas. Meu medo ficou menor, mas aumentou minha angústia em relação ao social. Não tem outro ponto a chegar ao outro que não seja por mim mesma. Indivíduo e meio não são tratados de modo vertical, mas horizontal. À medida que entro em contato genuinamente com a minha dor encontro a do meu semelhante. Tem-se, assim, uma real experiencia de alteridade. 

Por que essa dificuldade toda de entrar em contato? Empecilhos para a alteridade

 
Comumente temos um tipo de criação que dá maior relevância aos pensamentos e é muito desconectava das sensações. Como todo mamífero humano temos nossas necessidades fisiológicas de respiração, fome, sono, sexo, manifestação dos afetos etc. Por outro lado, temos uma cultura que muitas vezes pode colocar empecilhos na busca da satisfação destas.

​Assim, vamos desaprendendo a ouvir nossas necessidades reais e acabamos buscando corresponder anseios puramente mentais, com ideias abstratas do que seja necessário e satisfatório para nós. Essas frustrações vão se cristalizando e adulterando um sistema que possuía uma capacidade de se autorregular. Com o tempo, esse sistema dinâmico, pulsante vai se imobilizando e criando aquilo que Reich denomina de couraça. 

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Num mundo do consumo, somos cooptadas por mensagens que dizem dar o que precisamos, nos condicionando a esperar de fora o que irá trazer satisfação, ao invés de percebermos o que é realmente necessário para manutenção da vida. Assim, não nos suprimos do essencial e acabamos perdendo a vitalidade.

Nos tornamos alheios à nós mesmos, desnutridos, e começamos a nos sentirmos fracos, vulneráveis, mais perto da morte. A paralisia cresce na mesma proporção do medo. E, com isso, o homem sofre, tem medo, raiva, ódio. Ao se alienar dos seus processos internos se aliena de tudo a sua volta, e, então, perde a conexão com a realidade. Como um bicho acoado, se sente impotente. Se torna conformado, acaba vendo tudo como algo distante, que não pode atuar, que não pode agir, que não tem jeito. Não se vê como um agente capaz de transformação, pois está engajado em sobreviver, não em viver. Não tem energia para criar, para buscar respostas novas, está num estado de inanição.

​Desigualdade social e o homem sem contato com suas necessidades
 
A terapia reichiana tem um compromisso fundamental: “que, com a terapia, um indivíduo se responsabilize não apenas por ele mesmo, mas também diante da coletividade” (NAVARRO, Metodologia da vegetoterapia caractero-analítica, 1996, p. 87). A prática terapêutica busca, através de diferentes ferramentas, que a pessoa aprenda a olhar para as suas reais necessidades. Estimula a escutar seus sentimentos e sensações, olhar para elas com atenção
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e ir ao encontro da satisfação antes de se voltar para o mundo insatisfeita, frustrada e, por conta disso, mais suscetível à encontros desastrosos. Vemos como as nossas atitudes impactam o mundo a volta e conseguimos observar como o modo que me comunico pode afastar ou aproximar das outras pessoas. Nos vemos mais como parte de um coletivo ao invés de ficarmos autocentrados na resolução das nossas necessidades.

Quando observamos capitalistas que só pensam em explorar, empregadores que insistem em pagar um salário de miséria, percebe-se uma dificuldade de sair de si mesmo e enxergar o outro, esse outro que sente e é como si. À medida que entramos em contato com nossas sensações conseguimos ver o outro como um semelhante que, por sua vez, também tem suas necessidades. Um não precisa sobrepor o outro. Um não precisa subjugar o outro. Não se trata mais de poder, mas de potência. Atentos e atendendo as nossas necessidades, as coisas podem ser mais simples. Precisamos comer, dormir, criar, amar, trabalhar, conhecer. Isso é necessário. E isso basta. E isso é o suficiente para ser feliz. Como disse Federico Navarro, “O prazer é individual, mas a felicidade é um fenômeno social”.

Érika Creder
Psicóloga e Terapeuta Reichiana na EFEN
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