Que clínica e política não se separam, já sabíamos. Quando Wilhelm Reich escreve duas obras simultaneamente, o Análise do Caráter (sobre a terapêutica clínica) e o Psicologia de Massas do Fascismo (sobre a expressão política do caráter adoecido das massas), durante o período de tempo que culmina na subida de Hitler ao poder, isso não foi por acaso.
De fato, no pensamento reichiano, não há interface entre clínica e a política, não se trata de buscar um ponto de apoio ou de comum entre os dois campos, ou ainda, buscar como se relacionam. Trata-se de pensar as bases da política não a partir apenas naquilo que é declarado como política de intervenção e narrativa, tão cara aos políticos partidários cuja a maior parte das ações não coadunam com o que pregam ou prometem. Um campo não existe sem o outro.
Essa mesma contradição não existe apenas no dia-a-dia dos âmbitos políticos, é uma contradição que ocorre em âmbito clínico diariamente, ou ainda, que ocorre em âmbito cotidiano, nas maneiras de pensar, de amar, de sentir, de agir, de trabalhar... e que podem e são analisados na clínica reichiana. A contradição se expressa em múltiplas áreas da vida, inclusive nos âmbitos políticos, porque é uma contradição do caráter, dos impulsos que saem espontâneos do cerne biológico e são desviados, dissociados, bloqueados pelas inúmeras defesas históricas da couraça de caráter e da couraça muscular.
Pensar as expressões políticas habituais, essas que vemos anunciadas nas mídias, como promulgações dos nossos governantes, adoção ou exclusão de políticas públicas, não seria pensar também DE ONDE ESSAS DECISÕES POLÍTICAS PARTEM? A decisão de apoiar ou não algo é sempre individual. No entanto, de que camada do caráter essa decisão política parte?
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Esperamos que você tenha um otimo aprendizado!
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