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Por que o discurso de quem amadurece é coerente com sua prática?

23/3/2023

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Alinhamento de pensamento, sentimento e ação
Antes de entrar em terapia, encontramo-nos como toda pessoa que vive na civilização patriarcal, com cisões entre mente, corpo e seus sentimentos. Vivemos numa sociedade que valoriza o pensamento discursivo e considera os sentimentos como irracionais.

​Temos facilidade em saber o que pensamos, ao passo que a clareza quanto ao que estamos sentindo é dificultada pela forma com que nossas emoções são reprimidas na maioria de nossas famílias e pelo sistema de ensino. (...)
Uma coisa é a passagem do tempo, que é o envelhecimento. Todos envelhecemos. Mas nem todos amadurecemos o suficiente para vivermos de forma livre e responsável. Fazer a passagem de um comportamento infantilizado e dependente para um modo de viver igualitário e responsável em sociedade é um desafio.

​Na realidade, dentro do modo de funcionamento da cultura patriarcal, na qual os relacionamentos são baseados em hierarquia e estruturas de poder, ninguém amadurece plenamente. Quanto menor a maturidade, menor a consciência de como afetamos as outras pessoas e os ambientes em que vivemos. Menos consciência de como nosso próprio comportamento pode prejudicar nossas relações. É função da terapia pós-reichiana auxiliar os pacientes a amadurecer, compreendendo a história de cada pessoa dentro de um coletivo histórico.
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Remamos contra uma maré de desconexão sensorial e afetiva. A repressão dos sentimentos ocorre de forma automática pelos outros e por nós mesmos. Ouvimos, infelizmente, nos espaços públicos e privados, adultos ordenando às crianças parar de expressar suas emoções.  Pensam com isto estar educando-as. Na realidade estão inconscientemente ensinando elas a funcionar dentro da sociedade patriarcal.


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​Não apenas ignoram o que as crianças sentem, como as tolhem quando expressam suas emoções. “Para de chorar”, “já vai começar?”, “vou contar até três para você parar de birra”, “não faz manha”, “chega fulana!”.  Ordens autoritárias têm a função de se sobrepor ao que as crianças e também os adultos sentem. Negando, bloqueando, desautorizando, assustando. Instauram nas crianças o “respeito” à autoridade, o temor, para que este se sobreponha ao que elas sentem e oponha-se ao que teriam prazer em fazer espontaneamente.
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Mas e quanto ao estímulo de nos abrirmos para falarmos do que sentimos? Apesar de ignorado ou desestimulado dentro dessa cultura de poder, este é um trabalho fundamental realizado dentro da terapia pós-reichiana. Um reaprendizado emocional e sensorial e conectado à racionalidade. Pensar racionalmente para Reich é pensar em coerência como que efetivamente sentimos por baixo de nossas defesas. Devemos e podemos, ainda que inseridos dentro de uma sociedade disfuncional, buscar viver em relacionamentos que nos permitam falar do que sentimos.
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​A terapia visa levar o paciente a entrar em consigo mesmo, seu corpo, ao que de fato pulsa em seu organismo.  Permite que o paciente acesse a realidade por meio de suas próprias sensações e sentimentos e não confiar automaticamente em autoridades externas em detrimento de si. Conecta a realidade do corpo, do próprio organismo e dos ambientes em que se movimenta no mundo com os pensamentos de forma objetiva. As sensações são apreendidas por nossos sentidos, e ao integrá-las no corpo temos as emoções e sentimentos que nos informam se determinada experiência com a realidade é boa ou ruim.

Ser racional para Reich é ser capaz de aferir o corpo e o mundo com seus sentidos para então ter uma clareza sobre o que se sente. Um dos trabalhos da clínica é gradualmente mudar a ordem que nos ensinaram do que é preciso fazer para obter conhecimento. A educação patriarcal ensina para pensarmos sem sentir, que o mundo só pode ser objetivamente e racionalmente conhecido se não misturarmos nossas emoções e sentimentos no processo. A clínica pós-reichiana nos convida à primeiro sentirmos e depois pensarmos. Sempre em primeiro lugar ter clareza sobre o que se sente, para depois pensar junto com o que se sente. O pensamento, quando rompe com o sentimento, passa a girar sozinho, dissociado.

​Quando o pensamento funciona assim, ele é entendido na clínica como um mecanismo de defesa e não como um meio efetivo e eficaz de conhecimento, sobretudo quando trata de tudo que é vivo e não inanimado e mecânico.
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​Quanto ao processo de maturação do organismo, há que se libertar o fluxo de orgone (energia sexual que possui qualidade emocional e quantidade) pelo organismo. A flexibilização da couraça do caráter e redução/eliminação das tensões crônicas musculares permite a circulação da energia sexual por todo corpo, livremente, fluindo da cabeça ao genital. 
Quem não consegue observar os efeitos de seus movimentos no ambiente e os próprios sentimentos não estranha seu próprio jeito, seu próprio modo caracterial de existir. Sem este autoconhecimento não pode encontrar formas mais satisfatórias de viver sua vida. As queixas de quem ainda não amadureceu o suficiente de observar o que sente e não fugir disso, se referem normalmente aos seus sintomas, aos quais estranha, ou às pessoas, sobretudo àquelas que têm maior proximidade (família, amigos ou colegas de trabalho).

Aprender a estranhar seu próprio caráter, seus jeitos automáticos e típicos de agir com as pessoas é uma das funções da terapia. 
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​O processo de amadurecimento do organismo requer a passagem da energia sexual por todo corpo, da cabeça à pelve. Temos um indicativo dessa maturação em terapia, quando o paciente passa a ter uma maior capacidade de descarga dessa energia pelo orgasmo e a ter mais satisfação em suas relações afetivas, sexoafetivas e de trabalho.

​O processo de amadurecimento pode ser compreendido como a passagem de uma sexualidade pré-genital, dependente e infantilizada para uma sexualidade genital, mais potente, livre e capaz de troca com outro. A impotência orgástica, causada pela estase da energia, devido aos bloqueios da couraça, sinaliza imaturidade. Quanto menores os bloqueios, maior a livre-responsabilidade manifesta no campo sócio-político.
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Aquilo que falamos pode estar de acordo ou desacordo com o que se passa em nosso corpo. Enquanto a pessoa não consegue perceber o que sente e o modo como age em sociedade, isso quer dizer que ela está atuando de forma automática. Agir e falar de forma automática é agir defensivamente e em modo de sobrevivência com baixa capacidade de contato com o outro de forma genuína e espontânea.

Sem entrar em contato com os sentimentos, o discurso se torna distante da realidade, segue uma lógica defensiva própria, de acordo com o modo pelo qual a pessoa sobreviveu até ali. 
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Lógicas da couraça são defensivas e de sobrevivência. Sobreviver é fundamental, é preciso. Mas viver também é preciso, e não se resume a sobreviver. Na pessoa encouraçada os afetos se dirigem ao mundo de formas misturadas. Quando o impulso do cerne passa pela couraça ele muda de qualidade. Por exemplo, um impulso de se acoplar ao outro pode tornar-se raiva.

​Muitas relações tóxicas mudam para uma qualidade de maior contato e entrega ou terminam, com o avanço do paciente no seu processo de transformação terapêutica. Se a pessoa não percebe essa raiva reativa e destrutiva sendo emitida por si, ou por qualquer um dos sentimentos pelos quais acessa o mundo e se move em sociedade não tem como se responsabilizar pelos seus atos. Quanto maior a insensibilidade, maior o não conseguir responsabilizar-se.

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O olhar, o foco, feito a partir do que se sente é um dos primeiros trabalhos feitos em terapia. O que realmente sentimos enquanto nos movemos rumo à uma meta desenhada com nossa imaginação? Aprender a criar ponto de observação simultaneamente em si e fora. Criar a capacidade de auto-observação e fazer foco nas próprias emoções e sentimentos nos permite saber com o quê e como desejamos nos compor no ambiente.  

​Conseguir fazer este tipo de foco, conhecer e gradualmente flexibilizar seus modos de agir no mundo são todas transformações que levam os pacientes à uma cada vez maior responsabilização de sua vida em sociedade. Mover-se de forma espontânea é ir em direção ao que ou a quem se deseja de forma consciente e prazerosa e não de forma automática.
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A realidade está no corpo e em seus movimentos na prática. Discursos não coerentes com a prática, com o que a pessoa efetivamente faz no mundo, estão à serviço das diferentes defesas caracteriais. Numa pessoa madura os discursos são coerentes com o que a pessoa faz e com o modo como contata as demais. Há honestidade e profundidade em suas relações. Busca pontos de conexão com o outro e estranha quando há uma dificuldade de contato na relação.  Na pessoa encouraçada narrativas desconectadas estão à serviço da sustentação de posições de irresponsabilidade sobre a própria vida.  Os discursos tendem a ser incoerentes, desonestos com o que se sente (portanto com o outro), indiretos e ordinários. Vamos a alguns exemplos.
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Os discursos e histórias incoerentes podem se destinar a proteger o eu ideal da pessoa, aquilo que ela pensa que é.

​Proteger sua imagem, sua reputação, posição social enquanto o corpo, o eu real da pessoa, permanece desconectado destes ideais. Mover-se apenas por ideias, idealizando o mundo e a si mesmo(a), é um modo que caminha junto com relações moralistas. Tentar mudar o ambiente desta forma, sem conhecê-lo diretamente, sem sensorialmente penetrar nele e permitir que algo dele entre em você, apenas 

imaginando que ele difere de como deveria idealmente ser, é um modo que acaba impondo mudanças que vão contra a naturalidade e saúde integral das outras pessoas. Um modo desconectado de agir. Quem moraliza o mundo costuma tentar esconder aquilo que julga ser inapropriado, inconfessável ou defeituoso aos olhos das outras pessoas.

​Falar de si com franqueza, não procurando esconder-se é uma conquista que a terapia pós reichiana pode abrir a seus pacientes. Esconder-se é uma defesa, a pessoa junto com este comportamento pode, por exemplo, temer ser exposta e com isto ser punida ou sofrer uma perda afetiva. Ou pode ser por outros motivos que são descobertos pelo próprio paciente quando entra em contato com o que realmente sente.
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​Reclamar e apontar falhas e erros no outro pode estar à serviço de querer que alguém cuide de quem reclama. O paciente ao penetrar em suas camadas emocionais pode descobrir que o que causa suas reclamações não é de fato um defeito no outro que precisa ser corrigido.

​Para saber o que quer, precisa mergulhar no que sente enquanto reclama. 
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Pode descobrir que sente uma sensação de desamparo gravada historicamente em seu corpo e com isto gradualmente abandonar este modo de agir com os outros, ao perceber como afeta os demais de um modo que não é bom para eles, nem para si mesmo. Porque sentiu que o quer não é que o outro mude, mas que não lhe abandone.

​Para que não se sinta desamparado. Sabendo disso, seu comportamento muda, e passa a se responsabilizar pelo seu próprio desamparo. Em algum momento na terapia também vai perceber que é mais satisfatório e maduro trocar com as pessoas de forma igualitária e não de forma dependente, tal como um cuidador faria com ele na infância. 
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​A incoerência discursiva pode estar a serviço de uma tentativa de manipular os outros para fazerem aquilo que o paciente deseja sem se importar com o que os demais sentem e desejam. A manipulação é uma forma de impedir o movimento espontâneo do outro para que ele sirva a agendas políticas ocultas do manipulador, que podem ser socialmente inconfessáveis. Induz-se o movimento das pessoas com narrativas, capturando a imaginação das pessoas, sem entrega, sem troca de afetos efetiva.

​Já a pessoa que se permite manipular também está se movendo sem conscientemente perceber as emoções defensivas com que se deixou manipular. Pode ser por algum medo que sente e pela promessa de que o manipulador lhe fez de que irá proteger o manipulado de acontecer as coisas que teme. Uma pessoa que entrega a alguém a responsabilidade por cuidar de suas emoções, precisa amadurecer.
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Nos exemplos acima, temos imaturidades caracteriais que impedem o responsabilizar-se por si mesmo e pelo que se causa no ambiente. Desvelar as agendas inconscientes, as defesas automáticas da couraça, é parte fundamental da ideia de política na terapia pós-reichiana. Com a progressiva análise do caráter na terapia, o paciente vê como faz as coisas que faz, como se aproxima e se afasta das pessoas, como se relaciona com elas a partir do que sente.

​Caminhar rumo à uma vida mais madura e satisfatória necessariamente muda os discursos dos pacientes. Passam a falar de modo mais fluido e espontâneo e menos reativo e defensivo. Há ganho de coerência entre discurso e prática. Sentir livremente e amadurecer são processos que caminham juntos. 
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​Texto por: Rafael Benini
Psicólogo e aluno em Formação na EFEN
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