“Comer alguém”, por exemplo, pode sinônimo ter relações sexuais com uma certa agressividade. Mas nem todos os significados deste sentimento do ponto de vista semântico são negativos. Pelo contrário, a raiva pode ter a legitimidade ocasional da justiça. Para além da linguagem, os injustiçados ganham alguma compreensão de si mesmos com sua indignação, em sua eventual “hidrofobia” afetiva e emocional, ou em suas manifestações de contrariedade aos absurdos muito comuns da vida. Também, “haters” na internet se propagam mais que fotógrafos amadores de paisagens.
Entretanto além das justificativa e aparente legitimidade os resultados da raiva são um bocado negativos para quem sente as coisas com essa intensidade, ainda que esteja coberto de razão, ou de sua própria razão. E essa é a maior armadilha deste sentimento. Tanto as formas de Ira oriundas de frustrações, como as advindas da contrariedade com as injustiças tem como resultado o possível envenenamento do ódio, que se torna ansiedade e impulsos adrenais em excesso. Esse sentimento costuma provocar problemas na esfera somática, ocasionando insônia, estresse, hipertensão e não raro uma espécie de “cegueira” para a solução dos problemas que originaram a raiva.
Eduardo Camenietzki
Músico, compositor e escritor, que gentilmente aceitou o convite de escrever sobre sua experiência como paciente na EFEN