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Manifestação de consciência – o combate do cotidiano.

4/7/2013

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Está acontecendo. Nas sessões de terapia,  no facebook, na televisão, no ônibus, na fila do mercado…  As recentes manifestações populares em todo Brasil têm chamado mais atenção que futebol e novela. No comentário geral “o gigante acordou” e não há como ficar indiferente. O “alienado” povo brasileiro parece ter despertado para seu anseio por transformações sociais. O que, em muitos casos, também expressa o desejo por mudanças na vida de cada um. Mas será possível a partir desta experiência coletiva implementar transformações duradoras no cotidiano?

“O prazer é individual, mas a felicidade é um fenômeno social”,afirmou o psiquiatra e terapeuta reichiano Federico Navarro. A esfera social, como sabemos, não está desconectada da pessoal. A subjetividade individualista (própria do capitalismo) vende a ideia de que qualidade de vida é sinônimo de consumo e que é possível ser feliz apesar da miséria social. Enquanto isso, de dentro do condomínio,  o aumento nos índices de câncer, síndrome do pânico e depressão são apenas alguns exemplos de que o consumo é só um sonho. Mas há uma aposta com as recentes manifestações sociais,  que a saída do isolamento do indivíduo “reclamão” para mobilização do “coletivo que protesta” haja uma ampliação geral da consciência. Ou seja, um despertar para o fato de que cada ato na vida tem uma dimensão micropolítica.
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​O povo unido… é o nosso desafio.

Há uma experiência estética em ver as pessoas lutando pelos seus direitos.  Quase todo mundo concorda: “É bonito ver o povo reunido”. Mas o que é o povo da passeata? Tem militante de extrema esquerda pregando que “é preciso radicalizar”; tem estudante de classe média gritando “sem violência”, tem policial infiltrado com o objetivo de puxar uma briga para desmobilizar o movimento, gente que aproveita o anonimato da multidão para dar vasão ao próprio sadismo, gente que já sofreu violência da polícia e vê na passeata uma oportunidade de fazer justiça, têm os próprios policiais que estão ali “cumprindo com o seu dever”, “evitando o caos” e “protegendo a população”, e etc… Agora imaginem estes  personagens diante do psicólogo na sessão de terapia. Não é difícil pensar que cada um deles tem seus motivos. E todos são povo.

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O lado bonito das recentes manifestações não vem isolado do lado feio e sombrio. A passeata, que se pretendia pacífica, rapidamente vira campo de batalha. O entusiasmo juvenil se transforma em pavor: despertar de spray de pimenta. Há uma tendência de “separar o joio do trigo” incentivada pela mídia, representada pela categoria “vândalos”.  Se diz que  são “atos isolados de uma pequena minoria” e isso parece encerrar o assunto da violência. O mesmo se faz quando se trata de conflitos na favela com a categoria “bandidos”. Porém, ao culpabilizar alguns, simplifica-se demais a questão. Demonizar certas pessoas propondo soluções radicais (como “matar todo mundo”) acaba nos colocando na mesma lógica. Como diz Deepak Chopra: “Na superfície, o cidadão x pode ser abertamente oposto ao cidadão y, porém, em nível inconsciente, eles podem estar ligados como as duas pontas de uma corda, com cada um puxando para um lado”. Em outras palavras, “inimigos declarados também são aliados ocultos”, como no exemplo de George W. Bush e Osama bin Laden.
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​A teoria reichiana ajuda a compreender este funcionamento de extremos. Segundo Reich, as forças de rebelião do ser humano estão ligadas ao amadurecimento da sexualidade. A saída da dependência infantil marca o despertar sexual e também a percepção de que há muito mais opções do que a de obedecer. O jovem se dá conta de que os pais nem sempre estão certos, portanto é preciso fazer escolhas que questionem a autoridade. Não é à toa que o movimento da  contracultura em maio de 68 está associado a uma revolução sexual. Assim como bichos castrados não desenvolvem a agressividade, permanecendo infantis e dóceis, o animal humano reprimido sexualmente também fica submisso. Além disso, é mais facilmente capturado pelo consumismo e pela passividade. Mesmo na sociedade contemporânea, onde aparentemente há liberdade sexual, existe uma intensa forma disfarçada de repressão sexual. Desse modo, o campo sexual na sociedade capitalista foi esvaziado de sua potência política, tornando-se mais um objeto de consumo. As relações amorosas frequentemente são banalizadas, romantizadas e relegadas à esfera do privado, como se não tivessem nada a ver com as outras áreas da vida.
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Não há revolução sem tesão

A repressão da expressão afetiva da criança e do questionamento do adolescente, por exemplo, vão gerando imobilidade. Esta se manifesta na rigidez corporal e psicológica, que é produto de um processo chamado por Reich de encouraçamento. Levada a se identificar como sujeito de consumo, por exemplo, – que precisa ganhar a vida para ter as coisas que deseja (amigos, família, emprego) – a pessoa vai se afastando de suas necessidades vitais, que são fontes de vida. Segundo Reich, aquele que está em contato com suas necessidades ama nas situações de amor, odeia quando o ódio é legítimo, e teme de forma clara quando o medo é racional.  Há em sua reação afetiva uma coerência com o meio. Porém, o encouraçamento dificulta que a pessoa perceba sua capacidade de ir em direção àquilo que lhe é necessário. Deste modo, ela vai  ficando menos ativa e menos agressiva; agressividade no sentido utilizado por Reich, de aproximação e não destrutividade.
Com isso, criamos um prisioneiro dentro de nós, um lado sombrio, cheio de ódio e destrutividade. Este prisioneiro, normalmente, está muito bem escondido sob a máscara do “pacato cidadão reclamão”. Este é capaz de aguentar calado a violência de Estado em inflação, desorganização, falta de saúde, educação e etc. Ou então, reclama sem fazer quase nada, considerando a política algo muito distante. Para suportar abdicar daquilo que é necessário para si, o cidadão aceita as compensações do consumo, e acaba enredado em um círculo vicioso que contribui com a manutenção do status quo social.
Porém, em um momento de fortes transformações sociais, é como se o muro da couraça rachasse, deixando vir a tona a raiva e os anseios reprimidos. Alguns, mais adoecidos, perdem o controle e manifestam esta agressividade de forma sádica. Para Reich, este tipo de ação exagerada e não coerente com a realidade tem sempre em sua raiz a frustração de uma necessidade vital e sexual; sexual em um sentido político, que envolve relação, contato afetivo entre seres humanos, muito diferente das relações onde o outro se torna objeto.

Rebelar-se é preciso

Transformações radicais na estrutura social são necessárias, porém a história já mostrou, como no caso da União Soviética, que o fascismo pode ser praticado em nome de ideais revolucionários de esquerda. Este é o tema do livro de Reich “A psicologia de Massas do Fascismo”, no qual ele afirma que não basta mudar a estrutura social, é preciso que haja, concomitantemente, transformação na estrutura de caráter das pessoas. Ou seja, uma mudança na consciência, que abarca a dimensão micropolítica, que diz respeito às nossas relações com as pessoas no dia a dia. Como disse Caró Lago “Não adianta votar no Freixo e não cumprimentar o porteiro”.

Dentre os múltiplos personagens de uma passeata provavelmente há algum que gostaríamos de eliminar, assim como há aspectos de nossa personalidade que queremos negar veementemente. Porém, é preciso ser capaz de observar aquilo que nos conecta à figura que mais rechaçamos. Não como um sinal de complacência, mas de consciência. Para não correr o risco de agir como opressor ou cair  na passividade, faz-se necessário estar atento às couraças que impedem o contato com as necessidades vitais do ser. Na sociedade em que vivemos, a potência vital sempre está, necessariamente, carregada de inconformidade, de modo que a pessoa consciente faz de sua vida uma forma de resistência permanente. Então, entende-se que através do trabalho, da criação artística e intelectual, das relações pessoais, da participação em movimento sociais, etc., é possível cultivar a combatividade micropolític
a, vivenciando cotidianamente a satisfação das transformações sociais oriundas das manifestações.


Revisão: Isa Kaplan Vieira, estudante de psicologia (UFRJ) do curso de formação terapeutas  na EFEN.

Agradecimentos a Rudi Reali, Rodrigo Gondim, Vinicius Zepeda, Lucia Helena Ramos, Francisco Nogueira, Caró Lago, Clara Maria Fernandes,  e outros cujos comentários me ajudaram muito a pensar esta questão. 

​Alice Paiva Souto

Mestre e psicologia, professora e terapeuta na EFEN (Escola Pós-Reichiana Federico Navarro) e manifestante.

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