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    Blog da Revista Fluxo
   
O lugar onde compartilhamos nossas ideias, insights, pesquisas, eventos e dicas.

Falta de foco é um problema emocional, não de desempenho

18/3/2021

4 Comments

 
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Este seria um artigo impessoal sobre foco. Mas demorei para escrever estas linhas e resolvi usar como ponto de partida a demora em si mesma.  Três meses de não-fazer, por quê? Para conseguir passar à ação foi preciso me observar até que consegui fazer foco sobre o que estava me bloqueando.
Apesar de sentir prazer ao escrever, travei. Não fluiu.  Por quê?
Não sabia, apenas protelava e postergava: “Amanhã eu faço, tenho tempo para isto”. Tentar analisar de forma racional minhas desculpas não me faria conseguir escrever. A procrastinação era meu comportamento de defesa.

​Da mesma forma que um terapeuta leva seu paciente a observar-se para perceber que ele está resistindo em sentir uma emoção, observei-me quando procrastinava. Reich escreveu no livro “Análise do Caráter” que o terapeuta primeiro leva o paciente a perceber que está se defendendo. Depois como e por fim contra o quê. Agora que eu sabia que me defendia automaticamente de criar um artigo, era preciso descobrir como e contra o quê.
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Fiquei frustrado e com raiva por não compreender o que me sucedia. Simultaneamente, senti culpa. A culpa se conecta com o traço masoquista, que busca alívio por meio de uma pressão externa que possa “furar” este bloqueio. Percebi que não escrever funcionou como uma provocação automática, que poderia levou a cobrança da criação do artigo por parte de meus professores. Isto necessariamente me moveria. Mas não quis escrever a partir do sentimento de culpa, meu texto teria sido composto de forma penosa e insatisfatória.  
Além disto, eu queria escrever a partir de minha própria potência e não apenas de uma exigência externa. Portanto, continuei me observando.

​Passei a ficar ansioso quando tentava fazer maior contato com a culpa e com a frustração. Um meio de defesa para não fazer contato com as emoções e com a realidade é a ansiedade. Quando estou ansioso, desconecto meu olhar. A ansiedade amplia minha agitação mental de um modo que eu não consigo fazer foco com o que estou sentindo. Esta agitação, muitas vezes, é acompanhada de agradáveis músicas imaginadas dentro de minha mente, que dificultam o foco com o que eu realmente sinto e com o mundo. 
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​Consigo reduzir minha ansiedade e faço foco. Dou-me conta de que sinto medo. A raiva (frustração) estava me defendendo para não sentir medo. Parte da percepção do medo foi obtida ao me abrir durante minha sessão de terapia para minha terapeuta.  Consegui falar com ela de forma honesta que não escrevia por medo. Medo de quê? Por quê? 
Tentar responder estas questões de forma lógica, novamente não me trariam a resposta que me fariam escrever estas linhas. Medo e ponto. Permiti-me ficar sentindo medo, sem fugir dele. E foi abrir-me para a emoção que estava aqui comigo, que me permitiu chegar a este parágrafo. As palavras fluem, não porque me forcei. Mas porque finalmente fiz contato com meu medo. 

​Escrever de forma potente é um ato de se abrir, se expor, se desnudar completamente para quem lê. O medo se tornou meu amigo aqui, pois pude me abrir e finalmente conhecer o que eu temia. Ele me fala, agora mesmo, que posso vir a ser criticado injustamente, não amado, não reconhecido, confrontado. Não é apenas com minha razão com que agora escrevo. É com minha emoção conectada à minha razão.
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Chegamos a algo importantíssimo na terapia. Ao invés de tentar racionalizar meu medo, deixei ele fluir. Com isso pude escrever abertamente para vocês que “estou com medo!”. Não querer ser confrontado e simultaneamente querer ser admirado, reconhecido por estas linhas que escrevo são próprias do meu traço de caráter narcísico​ (todos temos estes traços que funcionam de diferentes modos em diferentes pessoas), estabelecido lá na minha infância, num tempo quase que perdido para minhas memórias que podem ser narradas.

Na terapia pós-reichiana, seja durante a análise ou durante os actings (exercícios feitos com o objetivo de flexibilizar as couraças para que a energia estagnada possa fluir) podemos ter experiências emocionais muito fortes e que não podem ser traduzidas em palavras com explicações narrativas, porque remetem a uma fase de nosso desenvolvimento em que ainda vivíamos e nos conectávamos com o mundo apenas de forma não verbal. 

​Narrativas só possuem valor terapêutico se vierem carregadas com afetos. Os afetos são chaves para a observação de si.  As emoções são percepções que temos da energia biofísica presente em nosso corpo (o orgone) em seus diferentes modos de se mover, descarregar ou estagnar. Ao terapeuta cabe observar quando elas estão presentes durante a narrativa dos pacientes, e quais são realmente elas, para ajudar o paciente a percebê-las por si mesmo.

Percebo que minha ansiedade veio à tona neste exato momento em que escrevo. Paro de escrever e faço foco usando como recurso olhar para a chama de uma vela.  A ansiedade cede e retorno ao contato com o medo. Noto que enquanto escrevi os quatro parágrafos anteriores, fiquei com vontade de sair dizendo por aí com alegria “vejam, vejam, consegui escrever!”.  Querendo ser bem acolhido e “amado”. Voltemos ao traço narcísico com que fiz foco antes disso, e que acionou simultaneamente o desejo de “ser amado” e querer parar de falar de mim de uma forma vulnerável e franca. 


O narcisismo secundário é um traço de caráter pré-genital, ligado ao segmento de couraça do pescoço e que se desenvolve na época em que os bebês começam a efetuar seus primeiros movimentos voluntários para fazer contato o seu ambiente. Antes de engatinharmos, aprendemos a mover nossos pescoços em direção de algo bom ou tensionar a musculatura ligada ao pescoço contra algo que não achamos bom.

A forma condicional de amor que recebi em minha infância (sinto medo de me abrir sobre isto), marcou esta fase do meu desenvolvimento biológico. Ao fazer algo “bonitinho” e demonstrar ser “inteligente”, recebia amor. Ao fazer algo que eu queria, mas que porventura não gostassem, seria impedido fisicamente ou confrontado verbalmente.  Além de não receber amor, sentiria desprazer por estar agindo naturalmente. Então, quando queremos receber admiração e sermos acolhidos como um “bom bebê” (ou bom aluno, ou bom-qualquer-coisa) estamos nos movendo de acordo com este traço de caráter.
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O amor condicional é ligado à repressão sexual e esse modo restrito de amar é transmitido socialmente dentro dos sistemas familiares. É um modo de funcionamento encouraçado, defensivo, cronicamente tenso, reprimido. Conectado ao medo. Com fins de formar uma “boa cultura”, a tal cultura patriarcal onde as pessoas aprendem a se mover não com base no que podem sentir livremente, mas naquilo que deveriam sentir. Onde as explicações últimas das coisas são “porque meus pais querem assim” (ou Deus, o chefe no trabalho, ou qualquer autoridade simultaneamente amada e temida assim o dispuser). 
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O traço narcísico teme ser confrontado. Ele me conta que um dia algum parente, ou um desconhecido, ou qualquer pessoa pode resolver atacar estas linhas de forma irracional, e quer me proteger disso.  O narcisismo quer esconder nossas reais emoções do mundo, para que este não nos machuque de alguma forma ao nos rejeitar. Ao mesmo tempo, quer fazer nossa imagem brilhar, para recebermos atenção, que é confundida com amor. A função da couraça é nos defender. 
Mas meu lado maduro, mais potente, e que quer se abrir para o mundo fala: E daí? Dá de ombros e segue escrevendo, com a companhia de todas emoções que este texto me suscitou: medo, culpa, raiva, alegria.  Com o propósito de efetuar uma troca honesta com quem ler este artigo. 
Aprendi em terapia que é bom poder dizer para si mesmo quando sentimos raiva, medo ou tristeza: “tudo bem, estas emoções fazem parte de você.” Permitir sentir sem me julgar, envaidecer, compensar, ansiar. Esse é um trabalho lento, e feito com o apoio de um terapeuta, pois estamos aprendendo e reaprendendo a viver com base no contato com difíceis emoções que bloqueávamos inconscientemente.

​O foco acontece simultaneamente com a realidade externa (como as coisas estão realmente funcionando num dado momento) e interna (como realmente me sinto num dado momento e contexto). E não como as coisas deveriam ser ou procurar chegar num sentimento ideal que não é o que está realmente comigo agora.  
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Para nos ajudar a aprender a fazer foco existe a função do terapeuta. Ele está conosco para nos ajudar a lidar com o contato de emoções que nos são muito difíceis. Ele(a) sabe nos conduzir de volta ao contato emocional quando começamos a racionalizar ou falar sem realmente sentir o que falamos.
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 Acolhe e confronta o paciente nos momentos adequados, a partir da percepção do que o paciente está emitindo com seu corpo num dado instante. Ou seja, o terapeuta se move em suas intervenções de acordo com os movimentos atuais do paciente, a partir do que efetivamente sentiu, percebeu e intuiu.  
Como consegui fazer foco? Fiz esforço para prestar atenção? Estudei uma teoria e procurei por uma fórmula mecânica para que ele acontecesse? Tentei não pensar em nada? O foco aconteceu quando consegui estar em contato honesto comigo mesmo. Senti músculos, como os da testa, da boca e os trapézios, relaxando. O que se observa, fica nítido. Quando se faz este contato, podemos olhar para o outro com abertura para a troca.  Sem pressa, com atenção e com afeto presente.  
 
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Com o foco sobre minha procrastinação realizei uma jornada rumo a mim mesmo, ao meu cerne, passando por diferentes camadas da minha couraça de defesa.  Entrei em contato com minha história pessoal, marcada no meu corpo. E com ela, pude compor esta história que entrego com genuína alegria a vocês leitores(as). 

Rafael Benini

Psicólogo e aluno da EFEN
4 Comments
Allan Ralph
9/6/2021 10:38:49 am

Sinto-me acolhido e representado por suas palavras, este sentir trás a sensação de amparo, de encontro, de luz no fim do túnel. Avisto/encontro, ainda ao longe suas pegadas, uma trilha, talvez um "lugar" já não tão perdido neste labirinto, nesta escolha por uma jornada a qual nos atiramos rumo a nós mesmos. Este sentir é revelador. Obrigado pela coragem.

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Caroline Marinho Sant'Ana
8/7/2022 06:08:57 am

Obrigada pelo convite!

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Angela C B Borges
8/4/2023 12:26:42 pm

Muito lindo e genuíno seu texto Rafael.
Me levou a inúmeras reflexões.
Gratidão

Reply
Carmen
12/10/2023 02:57:21 pm

Foi muito impactante ler seu texto, me identifiquei nas suas entrelinhas que fala sobre o medo, nunca nem pensei que a minha procrastinação seria por medo, sempre achava que faltava algo, que as pessoas iam achar caro o meu produto, enfim, é tudo sobre nós mesmos! Gratidão!!!!🙏❤️

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