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Escassez na era do amor líquido

17/4/2017

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´Vivemos em uma sociedade hedonista, narcisista e vazia, que foge do compromisso e se pauta na descartabilidade das relações e na falta de responsabilidade´... É a tal sociedade líquida, com seu amor líquido, famoso conceito de Zygmund Bauman.
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 Temos repetido esse tipo de afirmação aos montes, muitas vezes em um tom nostálgico,  por vezes com um misto de frustrações pessoais. A afirmação é realista; sabemos que vivemos em uma sociedade individualista e pouco responsável com o outro. Entretanto, é comum que se ignore uma parte fundamental desse contexto: talvez a culpa não seja das relações líquidas, pois ao menos pelo que vemos na clínica as relações “sólidas” em geral também não se mostram lá muito bem. 
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​Estas mudanças da “sociedade líquida”, que aconteceram de forma bastante rápida, são desnorteadoras em alguns aspectos. Mas podemos pensar que estas não são a base do problema, apenas expõem de forma clara e evidente a maneira como não sabemos, em geral, ter trocas afetivo-sexuais honestas, abertas, potentes. Quanto menos regras a priori e menor rigidez nas relações, mais as dificuldades que temos neste sentido emergem, ficam mais aparentes. Além disso, se relacionar com uma pessoa só é difícil, imagina com muitas! Haja atenção e capacidade de escuta.


A dificuldade que presenciamos hoje tem a ver com a capacidade de entrega, capacidade que pode ser entendida através de um dos actings (exercícios terapêuticos pensados por Federico Navarro) que inclui o gesto de deitar com a cabeça pendurada. Isto significa poder tomar alguém(s) como confiável para compartilhar, no mínimo, momentos de prazer e a intimidade; seja alguém que se conhece há anos, seja alguém que acabou de se conhecer.  É claro que, para confiarmos, o outro precisa nos dar sinais. Mas, de qualquer forma, é preciso sempre um arriscar-se, expor-se, dar um salto no escuro; pois a sensação de confiança não é garantia de proteção contra possíveis frustrações e constrangimentos.
 
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Para mencionar alguns aspectos desta dificuldade, vemos na clínica frequentemente casais que, sem se darem conta, ficam muito tempo em “jogos de gangorra”, ora um “por cima”, outro “por baixo”; ambos com dúvidas e insegurança e ao mesmo tempo sem conseguir ter a iniciativa de realizar gestos que tranquilizem o outro.  Já entre ficantes, é famoso o “joguinho” e também a enorme dificuldade de dizer e escutar não. Precisamos compreender que o controle e a insegurança de muitos casais e o medo de se expôr entre ficantes são funcionalmente equivalentes: controle e medo que se instalam na cervical.
 

Um adendo importante: muito falamos da contemporaneidade em termos de vaidade, de foco exagerado em si, de preocupação excessiva com a auto-imagem. Estamos falando em nada mais do que uma das maneiras pelas quais se manifesta esse medo. O tal do narcisismo, para Reich, é uma forma de defesa como as outras.

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Nesta gangorra que se forma pelos traços de narcisismo e de controle, às vezes mentimos para o outro, às vezes para nós mesmos, às vezes para ambos. Uma constante afirmação de independência, por exemplo, por vezes é uma mentira para si mesmo, que esconde o medo da intimidade e da frustração.

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Ainda, podemos notar certas dinâmicas sociais que se retroalimentam a partir daí. Por um lado, um mundo amorosamente hostil, de pessoas fechadas e pouco responsáveis (e muitas vezes violentas, no caso da vivência das mulheres) ajuda a que busquemos nos proteger e nos assegurar em uma relação sólida, mesmo que pouco satisfatória. Por outro lado, em uma sociedade em que facilmente se recai no “grude”, em relações de dependência e controle, isso acaba reforçando o medo de se envolver de muitas pessoas, que se afastam ou se relacionam de forma mais superficial (mesmo sexualmente, às vezes!), paralizadas pelo medo de um futuro “aprisionamento”. Em ambos os casos, vivemos pela metade, de forma pouco potente. Vejam as famosas camisas “game over”, por exemplo, em que o homem se retrata como capturado passivamente pelo casamento, sem bancar sua aposta neste modo de relação.

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​Reich foi um grande defensor do fim do casamento compulsório; da imposição social (sutil ou direta) de que as pessoas precisam se casar e fazer isso até uma certa idade. Entretanto, não advogava contra as relações longas e monogâmicas nem contra aquelas mais flexíveis e pontuais, compreendendo que a entrega e a troca amorosa necessitam apenas da possibilidade de confiança, terreno que é construído no âmbito social. 

Assim, aumentar a qualidade de nossas relações envolve principalmente trabalhar sobre o terreno de confiança no nível individual-relacional mas também no social/politico. Aqui, é preciso pontuar as contribuições do feminismo como primordiais catalizadoras de mudanças concretas na maneira de se relacionar hoje, apontando para formas mais justas e potentes. Mas isso é tema para outro texto.

Por enquanto, basta pensar sobre a qualidade de nossas relações e observar em que medida estamos perpetuando padrões de abundância e entrega ou de escassez, controle e medo. Seja em relações longas ou pontuais, podemos por vezes estar buscando suprir a necessidade de troca afetiva a partir de modos "econômicos", áridos. Nos relacionando em um "padrão conta-gotas" sem compreender porquê a sede se mantém. Como diz, Rumi, poeta sufi, sendo "como o cântaro cheio d'água cuja boca está sempre seca”.
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​Texto de Isa Kaplan Vieira, psicóloga e terapeuta reichiana
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