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Entrevista com a Terapeuta Reichiana Alice Souto

12/2/2016

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​Esta entrevista foi realizada pela estudante de psicologia Daniele Oliveira a partir de uma entrevista com a psicóloga e terapeuta reichiana Alice Souto na EFEN – Escola Pós Reichiana Federico Navarro para um trabalho da disciplina Psicologia da Personalidade da faculdade IBMR. Considerando a ausência de uma disciplina específica sobre a perspectiva de Wilhelm Reich, achamos pertinente a divulgação deste artigo afim de que outros estudantes tenham acesso a esta teoria e possam se desfazer de possíveis preconceitos quanto à clínica reichiana.
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Alice Souto
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Daniele Oliveira
Entrevista:
Pergunta: Como é realizada a primeira consulta na terapia reichiana?

Alice Souto: Assim como na Psicanálise, existem diversas linhas dentro da Clínica Reichiana, que trabalham de um modo específico segundo as especificidades de cada uma delas. Na EFEN utilizamos a metodologia do psiquiatra italiano Federico Navarro, responsável pela sistematização e atualização da teoria reichiana de acordo com os avanços da neurofisiologia, que não era tão desenvolvida na época de Reich.
Em uma primeira consulta é feita uma anamnese, ou seja uma entrevista que irá direcionar o trabalho na terapia com aquele paciente especificamente. No livro Análise do Caráter, Reich destaca que não deve existir um único método geral para todos os casos, mas é preciso extrair um método específico de cada caso. Então é isso que vamos construindo nos primeiros atendimentos.

Pergunta: Qual seria o objetivo da psicologia reichiana?

Alice Souto: A saúde é o objetivo principal. E ela é pensada para o organismo como um todo. Em outros termos, é possibilitar ao paciente a auto-regulação, ou seja, um estado fisiológico, uma sensação de bem estar em coerência com os acontecimentos do meio. Não vou dizer que a terapia vai deixar a pessoa feliz sempre, porque ninguém é feliz o tempo todo. Mas poder sentir tristeza em situação triste e alegria em situação alegre. Sentir em maior coerência com a realidade.

Podemos falar também do objetivo da flexibilização da couraça, pensando a couraça como os mecanismos de defesa que são necessários, que aprendemos ao longo da nossa vida, mas que acabam ficando crônicos e gerando adoecimento. O grande problema da maioria das pessoas é que elas se defendem constantemente. Nesses casos, existe uma dificuldade de sentir e de estar presente e em contato com o meio. Então o objetivo da clínica reichiana é restituir a capacidade de sentir e responder de uma forma mais coerente com a realidade. É aí que entra a auto-regulação. É perceber que se eu estou em um ambiente que me faz mal, eu tenho que criar estratégias para sair desse ambiente ou para tornar esse ambiente uma coisa boa. Lembrando que as vezes não é possível modificar o ambiente, em certos empregos por exemplo. Então você precisa sair e procurar outra coisa, mas também não pode ser de uma hora pra outra, você precisa criar estratégias para isso. A terapia ajuda a criar essas estratégias de saúde, que são sempre relacionais, sociais e em coerência com a realidade.

Pergunta: Quais são as técnicas utilizadas na terapia?

Alice Souto: Federico Navarro criou exercícios corporais denominados “actings”, que trabalham com o desbloqueio dos segmentos corporais no sentido de cima para baixo. Damos muita importância ao desbloqueio dos órgãos dos sentidos como os olhos, os ouvidos, nariz e boca, por serem responsáveis por nosso padrão de contato com a realidade. Nos actings com os olhos, por exemplo, trabalha-se com o foco. O bloqueio ocular se expressa pela dificuldade de estudar e de se concentrar, também os pensamentos obsessivos, a paranoia, o ciúme exacerbado, a dificuldade de ver as coisas como elas são… Estes são problemas relacionados ao foco que podem ser trabalhados através dos actings. Em um deles, o paciente é convidado a se fixar em um ponto durante alguns minutos, como em uma meditação. Mas a diferença é que quando se medita sozinho não se tem o diálogo com o terapeuta nem a análise sobre as reações que se tem no contexto de uma terapia.

Pergunta: Aprendi que couraças são expressões corporais advindas da atitude de caráter do indivíduo que, no trabalho de relaxamento dessas couraças ocorre a liberação de emoções como o prazer, a raiva e a ansiedade. De acordo com Reich, a liberação dessas emoções é que promove a perda das couraças?

Alice Souto: É errado falar em perda das couraças, preferimos falar em uma flexibilização. Isso porque as couraças são necessárias, precisamos das defesas, do nosso estado de tensão. Mas também é preciso conseguir relaxar a couraça no momento do prazer e do descanso. Quando o sujeito não relaxa nunca, aí existe um problema de encouraçamento crônico. É o caso de quem precisa beber para se divertir. Ou então da pessoa que sai de férias mas fica tirando fotografias o tempo todo, reclamando de tudo… Há uma ansiedade que não cessa nunca.

Durante a terapia, ao flexibilizar a couraça, muitas vezes ocorre a liberação de afetos como a raiva, a tristeza e a frustração. O contato e o reconhecimento desses sentimentos são importantes na terapia, mas essa é só uma parte do processo. Mais difícil é conseguir sair do padrão de raiva ou outros sentimentos negativos. Aí tem início todo um trabalho onde entra a questão política, social, no que diz respeito à análise do caráter e das relações afetivas. É preciso analisar como paciente age socialmente e que tipo de situações ele cria. A terapia é mais do que a liberação dos afetos, você não libera o afeto e fica livre dele, senão seria muito fácil. Na verdade, a gente entra em contato com o afeto e aí é que começa o trabalho.

Pergunta: Reich fala sobre crescimento psicológico. O que poderia significar que o paciente teve um crescimento psicológico?

Eu vejo que o indivíduo teve um crescimento psicológico, que nós alcançamos alguma coisa com a terapia, quando as pessoas em volta dele percebem que está acontecendo alguma coisa diferente com ele. Não basta simplesmente que pessoa diga “estou me sentindo melhor” – embora isso seja ótimo. Mas quando a família ou pessoas próximas podem notar que houve melhora, então isso é sinal de amadurecimento.
Temos uma secretária que trabalha aqui na clínica que é uma pessoa muito sensível e intuitiva. De vez em quando ela diz: “fulano que está vindo aqui a um ano está diferente, está com um olhar diferente, está com a postura corporal diferente…”, então eu sei houve crescimento. É um crescimento psicológico mas que se expressa também no corpo e socialmente.

Pergunta: O que você acharia de importante colocar para complementar?

Alice Souto: Tem um ponto que eu acho importante falar, que é a dificuldade da inserção da terapia reichiana nas universidades. Inclusive, este foi tema da minha monografia na UFRJ. Como terapeutas reichianos temos que lidar com fato de que nossa técnica não é tão conhecida como a Psicanálise, mas isso é mais ou menos como no meio da música: o que é mais conhecido nem sempre é o melhor. Não quero, com isso, invalidar o trabalho dos colegas de profissão que muitas vezes são excelentes clínicos e ajudam muita gente, independente da técnica de trabalho. Mas, quanto à psicanalítica freudiana clássica, acho importante dizer que ela ficou um pouco parada no tempo. O modelo do divã está pra lá de ultrapassado. Reich desde a década de 20 já fazia essa crítica. Até por isso ele criou uma técnica diferente. Mas nas universidades a teoria psicanalítica ainda é ensinada, muitas vezes, despida de atualização ou crítica.
​
Outra coisa que eu acho importante é que se deve tomar cuidado com os preconceitos. A terapia reichiana não é sexo, não é só isso. Trata-se de uma terapia eminentemente política, como já dizia Federico Navarro. Nós ficamos com os pacientes que estão comprometidos com a mudança, os outros acabam saindo. Essa é uma terapia que demanda comprometimento e engajamento, não é um serviço. A gente não trata o paciente como um cliente, nós não vamos agradar o paciente. Então, falando em sexualidade, existe aquele pensamento que os terapeutas reichianos são libertários. Mas essa fala traz também muita distorção e preconceito embutido. A potência orgástica na visão reichiana, por exemplo, não é uma pessoa que tem muitas relações sexuais. A compulsão sexual é sinal de impotência orgástica. Então a gente vai trabalhar o contrário, a possibilidade da pessoa ter uma relação afetiva potente sexualmente. 
É muita injustiça com o pensamento reichiano associá-lo à promiscuidade, pois o próprio Reich criticava abertamente a pornografia. Não por uma questão moral e sim por uma questão de funcionamento energético. Para haver descarga de energia (orgasmo) é preciso que ela esteja concentrada. O excesso de masturbação ou relações sexuais é a dispersão da energia, portanto a impotência.
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Daniele Oliveira

Estudante de psicologia 

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