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A semente do fascismo: de onde vêm os fascistas afinal?

18/9/2022

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Comecei meus estudos reichianos em 2020, em plena pandemia com o curso básico Introdução à Psicologia Política de Wilhelm Reich e com a leitura do livro Psicologia de Massas do Fascismo​. No cenário distópico que vivíamos (e seguimos vivendo), pareceu-me oportuno tentar compreender tamanha irracionalidade. Mais do que nunca me parecia urgente entender de onde vem o fascismo.
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Há algumas semanas, quando finalizava mais um mergulho nestes escritos de Reich, por coincidência, lia “A Máquina de Fazer Espanhóis” de Valter Hugo Mãe. No livro, Silva, o protagonista, nos dá a dica:
                        “fascismo, colega silva, ainda está cá dentro, é muito difícil tirarmos das ideias                          a educação que nos deram de crianças, podemos ser todos inteligentes como                            super-homens, adultos feitos à maneira e pensantes livremente, mas a                                         educação que nos dão em crianças tem amarras para a vida inteira e,                                           discretamente, aqui e acolá os tiques fascistas hão de vir ao de cima.” (Mãe,                               2010, p. 61)

Pensar que o fascismo está dentro de nós é um tanto desconcertante. “Ah! Mas que educação foi essa que o Sr. Silva teve?” pode-se pensar: “...Decerto ele viveu a ditadura portuguesa de Salazar.”; mas o que explicaria os fascistas como vemos hoje no Brasil? Ou mesmo nos EUA, ícone da democracia (contém ironia) que não vivenciaram uma ditadura ou um “regime” fascista?

Para Reich o “fascismo se manifesta em cada cidadão do planeta” (Reich, 1988, p.245) e “é a expressão da estrutura irracional do caráter do homem médio, cujas necessidades biológicas primárias e cujos impulsos têm sido reprimidos há milênios” (Reich, 1988, p.8). Tento destrinchar o que ele quis dizer com isso:

Na visão reichiana o fascismo é uma manifestação social da nossa caracterialidade. Em poucas palavras, caracterialidade é o que é característico em nós, o que se repete em nosso comportamento, na forma como nos expressamos e nos relacionamos com o mundo. Esse “ como” é a forma do nosso modo de sobrevivência, isto é, o conjunto de defesas que criamos inconscientemente para sobreviver a determinadas situações e que ficam “gravadas” no nosso sistema nervoso autônomo. Essas defesas são formadas nos primeiros anos de vida e são acionadas automaticamente mediante sinais de perigo já conhecidos.
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Por exemplo, quando a criança vive opressões muito fortes, violências, ameaças, risco de castigo ou de abandono e não é ouvida, para sobreviver a essas dores, ela passa a anestesiar ou abafar o que sente.
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Esses “perigos” consistem fundamentalmente, na repressão dos impulsos naturais infantis ou de suas necessidades biológicas primárias, ou seja, na repressão da sexualidade. A sexualidade aqui refere-se aos impulsos vitais, a energia vital que move a vida. Essas forças repressoras deixam diversas marcas que formam as nossas defesas.
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Obviamente a repressão sexual nos primeiros anos de vida se dá no âmbito familiar, primeira instituição normatizadora da sociedade patriarcal autoritária. Ela inibe os impulsos infantis, a expressão natural da criança. São reprimidos o choro, o grito, a raiva, a alegria, as emoções, a expansão (correr, explorar...), as opiniões e “quereres” e a descoberta do próprio corpo.


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Para além da repressão dos impulsos vitais, a família  também prescreve como a criança deve se comportar, como e o que deve sentir. Os pais agem como “governantes absolutos” que sabem “o que é melhor para os filhos” (Bell hooks, 2021, posição 604-604). Desta forma, a família autoritária coloca os pais como autoridades absolutas e incute nas crianças a necessidade constante de uma orientação externa. Num exemplo sutil é o que fazem quando “ensinam” a criança pequena como brincar com um brinquedo novo.

Todo esse processo é operado através do medo: de não ser amado, de ser abandonado, de errar, de ser punido... A família autoritária se utiliza do medo como forma de socialização e como mecanismo de controle.​
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O que pode a criança diante disso? Seus recursos de defesa são escassos. Ela passa a sufocar o que sente, a desprezar o que pensa e a não confiar em si mesma. A repressão da sexualidade natural produz crianças submissas, medrosas, obedientes, resignadas, inseguras, tímidas, “dóceis”, suscetíveis em serem exploradas, como consequência disso as crianças associam seus impulsos vitais ao medo. Isso resulta em “um efeito de paralisação sobre as forças de rebelião” (Reich, 1988, p.45), consiste numa há uma paralisação geral do pensamento e do espírito crítico como sinalizou Reich.

Que adulto a criança sexualmente reprimida se torna? Uma pessoa desconectada do que sente, sem capacidade crítica, com fé cega na autoridade que aprendeu a temer a própria sexualidade. Alguém que não confia em si mesmo, que como sempre teve alguém determinando o que deveria fazer, rejeita a responsabilidade pelos seus atos e carece de direcionamento e orientação. Alguém que vive no conflito entre o desejo natural de liberdade e o medo da responsabilidade que esta acarreta. Esse conflito indissolúvel abre espaço para um ‘salvador’ que prometa liberdade e a resolução de todos os seus problemas. E esse adulto-criança reprimido acredita nele sem qualquer crítica.

O fascismo prolifera aí: em pessoas que não sabem se orientar e tomar decisões sozinhas e que esperam que alguém lhes diga o que fazer. E é isso que a família patriarcal autoritária produz e a educação formal dá continuidade.

A família funciona como um “Estado autoritário em miniatura” (Reich, 1988, p.45) que prepara a criança para “o ajustamento geral que será exigido dela mais tarde” (p.45).É portanto, a “principal célula germinativa da política reacionária, o centro mais importante de produção de homens e mulheres reacionários” (p.94). É ela que, ao mesmo tempo reproduz o pensamento reacionário, produz a ideologia e estrutura rígida. Faz todo sentido então, o discurso reacionário de proteção à família ‘tradicional’, não?

Pessoalmente, eu sempre quis entender como tendo avós brizolistas e que foram perseguidos pela ditadura militar teriam como filho, um homem que era eleitor do atual (des)presidente há anos. Eu simplesmente não compreendia. Estudando Reich tudo começou a se encaixar na minha cabeça. Meus avós compunham uma família patriarcal autoritária com todas as letras, eram extremamente repressivos. Com isso, mesmo sem querer, plantaram a sementinha do fascismo no meu tio.
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A família patriarcal autoritária dá conta de explicar completamente o fascismo? Não. O fascismo floresce em cenários de crise, instabilidade econômica, política e social, sobretudo em meio a um clima de medo. E o medo nos leva a fazer coisas contra nossa natureza. E essa é a sementinha que a família autoritária incutiu em nós.



​Autora: Fernanda Borelli - Aluna em Formação em Vegetoterapia Caractero-analítica na EFEN

Referências:
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Reich, Wilhelm. Psicologia de Massas do Fascismo. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
Mãe, Valter Hugo. A Máquina de Fazer Espanhóis. São Paulo: Editora Objetiva, 2010.
Hooks, Bell. Tudo Sobre o Amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2021. (versão digital)



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